( Texto faz parte do Concurso Cultural “Quero o meu chocolate em livros” no blog Garotait em parceria com a Cuponation. )
Era
meio-dia, crianças passeavam no mini zoológico observando, com brilhos nos
olhos, coelhos em um grande cercado. Algumas crianças corajosas ousavam tocar
nas pelugens de alguns, não temendo que estes os mordessem com aqueles quatro dentes
incisivos.
Ao
contrário da menina, Luna, que encarava os roedores fora da cerca, onde, para
ela, estava bem protegida dos orelhudos. Era incrível como ela não gostava e
sentia medo de um animal tão fofo e inofensivo como o coelho. Já que sua
descrição era distorcida por causa do seu primo, que mentiu para garota.
“As orelhas grandes eram
deformações, aqueles pulos rápidos era fáceis para pegar a vitima e aqueles
olhos, sim, aqueles olhos mostravam que ele era um demônio- principalmente os
que possuíam tons vermelhos – presente no corpo de um pequeno animal indefeso”,
Luna lembrou-se do que seu primo tinha dito, quando a menina tinha apenas seis
anos. E com essa memória de quatro anos atrás
e sua análise de agora, concluía que o seu parente estava certo.
Um
senhor de meia idade, observava a expressão tenebrosa e de repugnância da
garota sobre os coelhos com pelagens de tons variados. E reprovando aquele
semblante, para uma garota tão jovem, tomou a responsabilidade de muda-lo com
urgência. Assim a cumprimentou-a, em seguida começou a comentar como os coelhos
dentro da cerca, junto com as crianças faziam o bom velho sorrir. Pois, aquilo
era prova de amor, paz...
—
Os olhos deles são assustadores. Parecem que não tem sentimentos... — ela
respondeu de uma forma fria.
“Quem botou isso na cabeça dela?”,
pensou o homem de cabelo grisalho. Ele suspirou, assim lembrando-se de uma
história que fez seus olhos brilharem de imediato.
—
Amanhã é páscoa, não é? — ela o encarou e meneou a cabeça em confirmação. Ele
esboçou um sorriso gentil. — Sabia que quem faz os ovos na verdade são fadas?!
— Luna arregalou os alhos com a informação, mas ficou quieta para o homem
continuar sua história.
“Existem
vários tipos de fadas. E um tipo é responsável pela páscoa, conhecida como
Pascae, fada da passagem ou mudança. Esses seres fazem os ovos coloridos,
trazendo mudança sentimental, mental e físico para as pessoas, como se fosse uma
metamorfose de uma borboleta, por exemplo. Porque, antes o animal era uma
lagarta, mas muda para uma bela borboleta que é apreciada pela natureza em si.
Entende?”
O
senhor notava a expressão curiosa da menina que fazia um ‘o’ perfeitamente com
a sua boca, representando surpresa com esses conhecimentos. Mas, de repente,
franziu o cenho e, atrevida, perguntou:
—
O que tem haver com coelhos? Não creio que algo tão magico tenha alguma relação
com esses monstros.
Ela
enrugou a cara com desgosto, provavelmente pensando em alguma parte do roedor.
Na qual detestava.
—
Fadas, em geral, amam animais e plantas. Pascaes, em particular, amam muito os
coelhos que até moram neles.
—
Como? Logo com... eles me assustam. Principalmente os olhos e aqueles dentes.
—
Os coelhos possuem aqueles olhos para enxergarem algo que não podemos ver,
porque, criança, eles representam a pureza. Algo que dificilmente os humanos
não possuem com facilidade.
“As
Pascaes vivem nas pelagens ou orelhas longas dos coelhos, afim de se aquecer e
dormir de uma forma agradável. Cada Pascae se assemelha com seu coelho, ou
seja, alguns possuem olhos vermelhos, pele branca ou morena e orelhas
avantajadas. Particularmente, são fofas!”
Ele
riu e, sem querer, a menina o acompanhou, imaginando fadas assim. Realmente
criaturas lindas e fofas.
“Ninguém
escuta, mas alguns puros dizem que na chegada do domingo da páscoa, um sino soa
e as fadas saem de seus amigos roedores, indo ao trabalho. O tilintar do sino é
angelical e só termina no fim de domingo. As fadas Pascaes vão até um lugar
secreto, dizem serem túneis de terras, e com os ovos, presenteados por algumas
aves, iniciam a magia que é representada nas pinturas.”
“Assim
pincelam com cuidado os diversos ovos, colocando a magia de passagem neles para
os seres humanos. Velas ajudam na sua visão, comem pequenos doces da natureza
com o vinho tirado das videiras, assim não morrem de fome ou cansaço. Bem
alimentadas e felizes, seguem para distribuição desses ovos pintados, assim
escondidos em certos lugares. Os merecedores encontram na busca dos ovos, ao
abri-los começam a ter sua própria felicidade, assim criando mais fadas que
irão ajudar nos próximos anos de páscoa.”
A
garota estava pasma, mas esboçava um pequeno sorriso por ter sido concebida
pelo esclarecimento da origem da páscoa. Que na sua concepção só passava de
ovos de chocolates que comia até enfartar, saber que elas trazem mudanças nos
homens é incrível. Será que poderiam fazê-la perder o medo dos coelhos?
—
Sabe o que é mais interessante? — ela negou, desviando seu olhar para os
coelhos. — Quando se cria fadas, também nascem coelhos na mesma quantidade.
Como sabemos, existem muitos desses animais, assim existindo esperança de cada
ser humano ter paz no seu coração. Sem temer nada. Porém deve ir à busca dessa
mudança.
Dito
essas palavras, a menina teve uma louca vontade de tocar naqueles coelhos.
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